"A logística reversa é processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de pós-consumo e pós-venda e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado. Desta forma, contribuindo para a consolidação do conceito de sustentabilidade no ambiente empresarial, apoiada nos conceitos de desenvolvimento ambiental, social e econômico. " (Patricia Guarnieri)



Crédito da imagem: jscreationzs / FreeDigitalPhotos.net

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Logística reversa de aparas de plástico de fraldas e absorventes se transforma em cabos de escovas de dentes

Foto: Carlos Cubi - Revista Época 
Uma grande quantidade de aparas de plástico das fraldas e dos absorventes femininos fabricados na Johnson & Johnson está se transformando em cabos de escovas de dentes. Esse descarte pré-consumo representa entre 300 e 400 toneladas por mês que, moídas no ponto de grãos e processadas, entram na composição do cabo da Reach Eco.
Em 2007, quando tentava fabricar uma escova de dentes de baixo custo, a Johnson & Johnson lembrou de seu projeto de reciclagem de aparas de fraldas. Havia sete anos que as aparas eram mandadas para empresas que as transformavam em calotas e baldes. Um estudo interno demonstrou que havia destino melhor. Se fossem usadas na produção das escovas, elas reduziriam o preço final do produto em 1,5%. 
A Reach Eco chegou ao mercado em 2009 com preço sugerido de R$ 1,49 (hoje ronda os R$2). Em dois anos, abocanhou 2,2% do mercado de escovas baratas. E provou que valia a pena criar uma fábrica nova, voltada à reintrodução das sobras plásticas nos produtos da própria companhia. Desde o lançamento, em 2009, as escovas agregam 40% de matéria-prima reaproveitada; os outros 60% ainda são matéria-prima virgem. A cada 250 mil escovas produzidas a fábrica economiza 60 toneladas de petróleo e poupa os aterros sanitários onde até então eram descartadas as aparas. "Desenvolvemos um produto que traz benefícios para o ambiente, para a sociedade e ainda é um bom negócio para a empresa", diz Eduardo Siqueira, gerente de marketing da J&J.
A boa aceitação da Reach Eco determinou a construção de uma nova fábrica dentro do complexo de 910 mil m2 em São José dos Campos (SP), onde já convivem 11 manufaturas que fabricam 39 marcas. A Central de Reciclagem de Resíduos (CCR) foi inaugurada em abril de 2011 a um custo de R$ 1,5 milhão, que a J&J espera recuperar em dois anos. O propósito da fábrica é operar as aparas, mas ainda há ociosidade em sua capacidade total de processar 500 kg de plástico por hora. O lançamento da Reach Eco foi uma operação casada, segundo Siqueira: o crescimento das vendas no mercado de escovas de dentes e o apelo ao consumidor de baixa renda. "Nossas pesquisas indicavam que o consumidor classe C quer produtos sustentáveis, mas não quer pagar mais por isso", diz Siqueira. Num amontoado de mais de 500 marcas de escovas em disponibilidade no mercado, Siqueira diz que o apelo da Reach Eco foi certeiro: escova de dentes de marca ao custo de R$ 1,99. Resultado: em 2009, entre setembro e dezembro, a escova conquistou 0,1% do mercado; em 2010 abocanhou 1,6%; em 2011 chegou a 2,2% do mercado. "A campanha foi feita totalmente por mídia digital durante um ano e meio com apelo ecológico e econômico direcionado à classe C", diz Siqueira. "Hoje a publicidade está no ponto de vendas, com promotores capacitados."
O desafio é encontrar utilidade para as excedentes 150 a 200 toneladas por mês - metade do volume de aparas das fraldas e absorventes. "Já identificamos outras oportunidades, mas ainda estão em fase de testes", diz Alex Gomes, gerente de utilidades e manutenção da J&J.
Enquanto não conclui as pesquisas, a empresa redireciona as sobras para outras cadeias que utilizam plásticos pré-consumo: fábricas de autopeças, utensílios domésticos, embalagens, sacos de lixo, filmes plásticos. Siqueira, da Johnson & Johnson diz: "Desenvolvemos um produto que traz benefícios ao ambiente e é um bom negócio"

"É claro que, quando o cliente vê na gôndola um produto como a Reach Eco, o reconhecimento de que a empresa é ambientalmente responsável é ainda maior”, diz Eduardo Siqueira, gerente de mercado da Johnson & Johnson para a área de Oral Care. A “fábrica de plástico” foi inaugurada em abril do ano passado, em São José dos Campos (SP). Resultado de um investimento de R$ 1,5 milhão, a unidade produz até 140 toneladas de grânulos de plástico reciclado por mês. A companhia consome 90 toneladas, com as quais fabrica, além da Reach Eco, duas escovas lançadas no final de 2011, a Tek e a Reach Essencial. Cada uma tem 20% de plástico reciclado de aparas.
Desde que a fábrica foi inaugurada, tem recebido resíduos de outras unidades. O responsável por ela, Alex Gomes, tem se correspondido com a equipe de desenvolvimento de embalagens. Ainda no primeiro trimestre, a J&J vai lançar diversas linhas de produtos com embalagens feitas de materiais reciclados. “O Brasil tem maior disponibilidade de matéria-prima reciclada que a Europa e os Estados Unidos”, diz Carlos Souto, diretor de embalagem da J&J. Também por isso o negócio é economicamente viável: o plástico pós-consumo reciclado tem custo semelhante ao virgem. 

Adaptado por Patrícia Guarnieri para o Blog Logística Reversa e Sustentabilidade

Fonte originais: Valor Econômico - SP (20/04/2012) e Época Negócios

Disponível em: Sindindústria e Época Negócios

Um comentário:

  1. Muito legal ver a indústria atuando com a reutilização de materiais. A bolsa de Resíduos da FISP, FISC, entre outras são um ótimo exemplo disso, porém a responsabilidade da indústria não para por aí. O maior desafio é a reutilização e a reciclagem de embalagens pós-consumo.

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