O CONAR decidiu que a APAS deve suspender imediatamente sua campanha publicitária contra as sacolas plásticas.
A representação foi feita pela Plastivida que se baseou no Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária que trata de "Apelos de Sustentabilidade" na publicidade no Brasil. Segundo Jorge Kaimoti, advogado da Plastivida, “os princípios éticos exigidos no Anexo U não foram respeitados pela campanha, intitulada Vamos Tirar o Planeta do Sufoco”.
De acordo com informações em matéria publicada pela Revista Sustentabilidade, a decisão proferida no dia 1º de março pelo conselheiro relator do Conar, Arthur Amorim, concluiu que os supermercados poderiam, se quiserem, suspender a distribuição de sacolas, mas não podem fazer campanha publicitária dizendo que o único motivo é a proteção ao meio ambiente.
“O que não é direito deles [dos supermercados] é vir enganar outra vez o consumidor contando uma história bonita de proteção ao meio ambiente.” concluiu o relator.
O que parece ter incomodado mais o relator foi o fato de que, nas 14 páginas de defesa da APAS, em nenhum momento foi abordada a questão do movimento de distribuição de sacolas plásticas gratuitas para a venda de sacolas reutilizáveis e a acomodação dos custos que normalmente eram repassados ao consumidor no primeiro caso (cerca de 2 centavos por sacolinha). Portanto, concluiu o Conar, deve-se suspender a campanha por não contar a história completa.
No entanto, cabe ressaltar que no relatório Amorim destaca a briga de peixe grande que está se travando em torno das sacolinhas na qual cada lado defende interesses que envolve bilhões de reais. Para o relator, não há estudos técnicos conclusivos apresentados por nenhum dos lados.
Ele também reconhece que a proteção ao meio ambiente não é a causa principal de nenhum dos lados.
“O meio ambiente é outro coitado, vilipendiado há séculos, e agora ainda por cima servindo para encobrir ações de capitalismo selvagem e oportunista”.
Amorim concluiu: “Tanto produtores de sacolas plásticas quanto supermercados arranjam complicadas explicações técnicas, feitas por profissionais muitos preocupados com o meio ambiente. O problema é que estas explicações frequentemente são contraditórias”.
Dá para ver que esta disputa, vai além do simples debate de usar ou não sacolas. É um debate simbólico, de um lado, para proteger a reputação do plástico e adiar uma necessária e demandada regulamentação apropriada de seu uso, e, do outro, que visa manter o consumismo e o fomento ao consumismo como fator principal dos lucros enormes das redes supermercadistas.
Ainda conforme matéria da Revista Sustentabilidade, o público, como bem pontuou o relator, ficou refém destes dois lados. Além de pesquisas de opinião, eles não tiveram participação e podem apenas escolher como consumidor e não como cidadãos.
Conforme informações publicadas na Folha de S. Paulo, a Plastivida moveu a ação com o intuito de mostrar que o conteúdo da campanha contraria os oito itens da ética publicitária no que se refere à sustentabilidade. Outro pronto questionado pela Plastivida no processo se refere ao fato de que, em momento algum da campanha, a APAS informou ao cidadão que o custo das sacolas já é embutido no preço dos produtos e que, apesar de deixar de distribuí-las, estas continuam a ser cobradas indiretamente, caracterizando claro prejuízo econômico ao consumidor, sem qualquer vantagem ambiental.
Para se inteirar sobre os ambos os lados da disputa e ler a decisão na íntegra leia as matérias abaixo.
Fonte: Folha de São Paulo 09/03/2012 e Revista Sustentabilidade 12/03/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário