"A logística reversa é processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de pós-consumo e pós-venda e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado. Desta forma, contribuindo para a consolidação do conceito de sustentabilidade no ambiente empresarial, apoiada nos conceitos de desenvolvimento ambiental, social e econômico. " (Patricia Guarnieri)



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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Novidades sobre o caso do lixo hospitalar dos EUA importado irregularmente para Pernambuco

A cada dia surgem mais novidades sobre o caso da importação ilegal de lixo hospitalar dos EUA para Pernambuco, depois de comunicação feita pelo governador Eduardo Campos, o país de origem dos resíduos envolveu o FBI nas investigações. Nesta postagem estou reproduzindo um resumo dos principais aspectos do caso e as últimas novidades.  Acompanhe:
Em 11/10/2011 um contêiner vindo dos Estados Unidos e contendo lixo hospitalar foi apreendido pela Alfândega da Receita Federal, no Porto de Suape, na Grande Recife. Lençóis sujos de sangue, seringas, luvas usadas, entre outros objetos, estavam no contêiner.
Veja o caminho que os resíduos percorreram para chegar até Pernambuco:
Crédito da imagem:  Folha.com
Dois dias após apreender um segundo contêiner com 23,3 toneladas de lixo hospitalar trazido irregularmente dos Estados Unidos por uma empresa têxtil pernambucana, a Receita Federal acionou o Ministério Público Federal para entrar no caso.
A Polícia Civil arrombou, segunda-feira, 17/10/2011, em Caruaru, a 130 quilômetros do Recife, um galpão repleto de material semelhante ao encontrado em dois contêineres interceptados na semana passada pela Receita Federal no Porto de Suape. O galpão traz o mesmo nome de fantasia – Império do Forro de Bolso – da empresa Na intimidade Ltda., que está sendo investigada por importação de lixo hospitalar dos Estados Unidos, mas o CNPJ difere. 
O delegado regional de Caruaru, Erick Lessa, estima a apreensão em cerca de 15 toneladas do material – lençóis sujos com as logomarcas de vários hospitais americanos –, no galpão de 1,2 mil metros. A ação decorreu de denúncia da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa). A pedido do órgão, a polícia conseguiu mandado de busca e apreensão para invadir o local, que estava lacrado. O gerente da Apevisa, Jaime Brito, avaliaria o produto e separaria parte do material para ser analisado pelo Instituto de Criminalística (IC). 
Na manhã da segunda-feira 17/10, a Apevisa havia encaminhado ao IC cerca de 30 quilos de lençóis de pelo menos 15 hospitais norte-americanos apreendidos em Santa Cruz do Capibaribe e em Toritama, no agreste. Em Santa Cruz fica a matriz da Império do Forro de Bolso. A filial fica em Toritama. Também desta segunda, o Ministério Público Federal em Pernambuco formalizou pedido à Polícia Federal de instauração de inquérito para apurar as responsabilidades pelo desembarque dos contêineres. Há indícios de pelo menos dois crimes – contrabando e uso de documento falso – além de crime ambiental. 
Negócio antigo. Há dez anos, Altair Teixeira de Moura, dono da Na Intimidade, importa “tecidos de algodão com defeito” dos EUA, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Conforme a pasta, antes de criar a Na Intimidade, em 2009, Altair foi sócio da Forrozão dos Retalhos Ltda., também em Santa Cruz , até 2008. A Forrozão importava, desde 2001, até US$ 1 milhão por ano – da mesma forma que fez, em 2009 e 2010, a nova firma.
Crédito da imagem: Folha.com
A documentação da carga de dois contêineres interceptados no Porto de Suape pela Receita Federal, na semana passada, com 46 toneladas de lençóis sujos – além de seringas, cateteres e luvas usadas –, trazia a mesma identificação: “tecidos de algodão com defeito”. O material era vendido por peso pela Império do Forro de Bolso, a R$ 10,00 o quilo. As duas unidades da empresa foram interditadas no fim de semana pela Apevisa. O gerente da agência, Jaime Brito, apreendeu 30 quilos de lençóis de pelo menos 15 instituições americanas. 
“Queremos comprovar se as manchas encontradas são de sangue e secreções humanas”, afirmou Brito. Ele adiantou que a empresa poderá ser interditada definitivamente, além de ter de pagar multa de até R$ 1,5 milhão. 
Nos últimos dias vários fatos foram descobertos através de investigação da Folha.com, polícia e denúncias de cidadãos:
Venda dos lençóis no interior de Pernambuco: A Folha comprou nove peças (4 kg) na loja Império do Forro de Bolso. Parte delas tinha manchas e referências e unidades de saúde dos EUA, como Baltimore  Washington Center ou Medline Industries Inc. Amontoados no chão, os lençóis e fronhas eram vendidos a R$10,00 o quilo. Funcionários alegaram problemas no sistema para não fornecer nota fiscal ou recibo e, depois da ligação por celular, fecharam a loja. Cabe ressaltar que tecidos de hospital só podem ser reaproveitados após rigorosa desinfecção.
Suspeita: Além dos dois contêineres, outros seis desembarcaram em Suape neste ano, em transação envolvendo a mesma importadora. Eles passaram pela alfândega sem fiscalização, segundo o inspetor-chefe da Receita Federal no porto, Carlos Eduardo da Costa Oliveira. Outros 14 contêineres, com suspeita de estarem carregados com lixo hospitalar estão a caminho de Suape. Todos foram embarcados no Porto de Charleston, na Carolina do Sul, importados pela Na Intimidade.  Altair Teixeira de Moura ainda não foi ouvido pelos órgãos que investigam o caso. Ele não foi localizado.
Trabalho infantil: Na quarta-feira (19/10/2011), mais uma grave denúncia: em uma rádio local, um cidadão declarou estar apreensivo com a descoberta, já que seus filhos menores trabalhavam na loja de confecções.
O Ministério Público está apurando todas as denúncias. 
Depois que o Governador de Pernambuco responsabilizou os Estados Unidos pela ocorrência, o FBI resolveu auxiliar nas investigações. Wilson Damázio, secretário de Defesa Social de Pernambuco, afirmou que o FBI - Polícia Federal dos Estados Unidos na sigla em inglês - irá auxiliar as autoridades brasileiras na investigação sobre a exportação de lixo hospitalar dos USA para o Brasil.
Lençóis eram usandos em hotel: O dono de um hotel no interior de Pernambuco afirma que nunca entendeu as palavras em inglês grafadas nos tecidos brancos que usa como lençóis em seu estabelecimento.
Em parte dos 15 quartos do hotel Styllus, em Timbaúba (130 km de Recife), as camas eram arrumadas com lençóis que apresentam nomes de hospitais americanos.
Segundo o proprietário, Marcondes Mendes, 48, uma loja do centro da cidade vende os tecidos como se fossem novos. Ele afirmou que não sabia que o material era proveniente de hospitais e que pagava para uma costureira fazer lençóis com os tecidos adquiridos por ele.
"Hotel, motel, casa de família, aqui todo mundo compra [na mesma loja] quando está barato." Mendes afirmou que os tecidos que comprou não tinham manchas.
Ele disse ainda que, depois de ouvir pela imprensa que lixo hospitalar estava sendo vendido na cidade, tirou os lençóis e guardou para entregá-los a órgãos de fiscalização. O proprietário disse também que não foram apontadas irregularidades no hotel em vistorias realizadas no passado.
"Sou inocente, não compraria mercadoria que fizesse mal a alguém. Até eu durmo nos lençóis quando não vou para casa", afirma.
Lixo hospitalar era vendido até pela Internet: O lixo hospitalar trazido ilegalmente dos Estados Unidos era vendido para confecções de todo o país pelo site da empresa Império do Forro de Bolso, de Santa Cruz do Capibaribe (PE). Lençóis usados e contaminados eram transformados em forros de bolso e roupas.
Em seu site, desativado após interdição de duas lojas, a empresa anunciava a venda "em até 18 vezes no cartão". A Império também anunciava no site da Associação Latinoamericana de Integração, entidade formada por 12 países. A informação é da reportagem de Fábio Guibu publicada na edição desta terça-feira (18/10/2011) da Folha.


Por: Angela Lacerda,  Felipe Luchette e Fábio Guibu, adaptado por Patrícia Guarnieri
Fonte: Estadão  e Folha.com

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