"A logística reversa é processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de pós-consumo e pós-venda e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado. Desta forma, contribuindo para a consolidação do conceito de sustentabilidade no ambiente empresarial, apoiada nos conceitos de desenvolvimento ambiental, social e econômico. " (Patricia Guarnieri)



Crédito da imagem: jscreationzs / FreeDigitalPhotos.net

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Logística Reversa de resíduos de Surf - Conheçam o Projeto MOREA: Surf sem resíduos!!

Este mês tive a oportunidade de conhecer um projeto muito legal, que quero compartilhar com vocês e aprendi um pouco sobre as características dos resíduos de pranchas de Surf. 
Confesso que antes de conhecer o projeto eu não havia parado para pensar neste tipo de resíduo. Então achei interessante pesquisar a respeito.
Esse esporte que nasceu na Polinésia em 1770 também gera resíduos, quer por sua vez necessitam de gerenciamento para não causar impacto ao meio ambiente.
Com a evolução do esporte, também evoluíram os materiais constituintes da prancha, que antigamente era feita da madeira de balsa e hoje é fabricada com a espuma de Poliuretano rígido expandido, revestida com resina de poliéster, fibra de vidro e outras substâncias químicas como: o peróxido de metil-etila (catalisador); cobalto (acelerador); monômero de estireno, parafina bruta e pigmentos (muitos deles com metais pesados incorporados). 
Infelizmente com a evolução dos materiais constituintes gerou-se um problema grave, pois os resíduos dos processos produtivos e do produto em si,  são comprovadamente classificados como perigosos (Classe I), pois possuem propriedades de inflamabilidade e toxicidade.  Isso ocorre porque na espuma das pranchas não existe retardande das chamas e, ainda existe o prazo de decomposição, o qual pode variar de 500 a 2 milhões de anos.   Portanto, estes resíduos são potencialmente contaminantes do solo, dos lençóis freáticos e dos corpos aquáticos. Quanto sua destinação final  é feita de maneira incorreta gera malefícios ao meio ambiente e à saúde pública.  O fato desse resíduo ser classificado como Classe I, obriga os fabricantes a realizar o descarte em um aterro apropriado (controlado) para tal, o que tem um custo elevadíssimo.
Quando consideramos que no Brasil, muitas fábricas de pranchas, são de  "fundo de quintal", ou seja informais, este problema se torna ainda mais sério, visto que estes micro e pequenos empresários, muitas vezes, não têm conhecimento do processo correto para o descarte (falta de educação ambiental) e também, não possuem condições financeiras.
No Brasil são produzidas anualmente cerca de 50.000 pranchas de surf e de 50 a 70% do material consumido no processo produtivo é descartado. Este montante corresponde a um prejuízo financeiro superior a US$ 7.000.000 e mais de 380 toneladas de substâncias tóxicas e inflamáveis depostas nos "lixões", ou aterros simples, sem qualquer tratamento ambiental. O maior problema é que estes rejeitos possuem baixa densidade que ocupam grande volume em áreas de destinação final de resíduos e com características pérfurocortantes. (Ambiente Brasil)
Os resíduos são gerados em três momentos distintos: 1) no processo de fabricação (resíduos industriais); 2) no processo de modelagem da espuma para obter o formato da prancha e; 3) as pranchas no final da sua vida útil (pós-consumo).
O processo com o bloco de EPS, por sua vez, possui  um agravante. O bloco vai para o fabricante da prancha (shaper), sem ter sido expandido num molde, o que aumenta a quantidade de resíduo. Esse resíduo se apresenta em sua maior parte, na forma de pó, o que dificulta ainda mais o seu transporte para um descarte mais ecológico.
Claramente, é possível perceber primeiramente, pela quantidade de material que é descartado, cerca de 50 a 70%, que há a urgente necessidade de técnicas gerenciais para reduzir o consumo deste material, otimizando o processo produtivo de forma a evitar todo este desperdício. 
Entenda como é gerado os resíduos no processo realizado pelo shaper, assista o vídeo de divulgação do projeto MOREA.
(Clique sobre o vídeo)
Neste caso,  podemos aplicar o primeiro conceito dos 3R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Há a necessidade premente de inovações no setor para resolver este problema, com o surgimento de novas tecnologias de produção e novos processos que propiciem um melhor aproveitamento deste insumo. 
  
Então, depois de entendermos um pouco mais sobre os resíduos das pranchas de surf, é que venho apresentar a vocês o Projeto MOREA  (movimento de reciclagem dos esportes de ação), essa iniciativa excelente, idealizada pelo empresário e, é claro, surfista,  Cristian Lucas, tem tudo a ver com a preservação da natureza. A concepção do projeto veio da observação enquanto praticava Surf, e inicialmente o projeto foca nos resíduos gerados após o processo de shaper, ou seja o pó advindo dos blocos de Poliuretano, após o molde da prancha, futuramente o projeto também gerenciará os resíduos de  EPS e dos demais materiais constituintes.
O objetivo principal do projeto é ser o elo de ligação entre os fabricantes das pranchas (inclusive os informais) e as indústrias de reciclagem deste material. Ou seja, o projeto MOREA realizará a logística reversa destes resíduos, abrangendo as atividades de coleta, transporte e encaminhamento para a reciclagem. Atualmente existem processos que possibilitam a revalorização destes resíduos, o que é excelente sob o ponto de vista ambiental e também econômico.
É possível utilizar estes resíduos como substituto parcial de agregados, na fabricação de artefatos de concreto (com propriedades de isolamento termo-acústico) para a construção civil, incorporá-los com resinas virgens de poliuretano, após pulverização dos rejeitos, para produção de uma blenda de poliuretano recuperado, que poderá ser empregado na produção de pranchas de surf recicladas. Também é possível incinerar os resíduos, com efetivo controle ambiental, para recuperar sua energia, em função do alto poder calorífico desses dejetos. Finalmente é viável aquecer os resíduos a uma determinada temperatura e em seguida realizar termo-prensagem, para a produção de painéis para isolamento termo-acústico amplamente utilizados em edificações. (Ambiente Brasil).
A chamada do projeto MOREA - Movimento de Reciclagem dos Esportes de Ação convoca os praticantes do Surf e também simpatizantes:  

Vamos trabalhar para que esses resíduos sejam reaproveitados com responsabilidade ou descartados de maneira correta. E contamos com sua participação!!!

Vale acrescentar que o projeto recebeu o apoio de Kelly Slater que é considerado um dos maiores surfistas de todos os tempos.

Quer saber mais sobre o projeto MOREA? 

Confira a entrevista com Cristian Lucas para a  Comunidade Virtual do Surf WAVES 

Acesse o site do PROJETO MOREA  CLIQUE AQUI

Por: Patricia Guarnieri para o Blog Logística Reversa e Sustentabilidade (com informações do Projeto Morea e Ambiente Brasil, imagens obtidas no Google Imagens e Projeto Morea).

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