Olá pessoal,
Vou publicar aqui parte da "Carta do Cacique Mutua a todos os povos da Terra", publicada pela revista Envolverde, de autoria de Monica Martins. Este texto além de ser belo, poético, emocionante, resume em poucas palavras o prejuízo que a Usina de Belo Monte causará ao meio ambiente e aos índios do Xingu. Então eu me pergunto:
Será que todo o mal causado pelo "homem branco" aos índios não foi suficiente? É muito triste que ainda hoje tenhamos que presenciar o horror que a cobiça e a ambição desenfreada do ser humano causa aos nossos irmãos índios, verdadeiros nativos e proprietários destas terras em que hoje vivemos e não sabemos preservar... Toda a riqueza da natureza cobiçada por diversos países está se esvaindo por entre nossos dedos... Aconselho a leitura a todos vocês. Para que possamos refletir sobre nossas ações, pois "todos" nós somos responsáveis de alguma forma e em algum grau.
"O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã, atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos. O irmão Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer as folhas das plantas lá fora.
Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer “água boa”, “água limpa”. É o nome do nosso rio sagrado.
Como guiso da serpente, o Vento anunciou perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva. Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo.
Xingu banha toda a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.
Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio.
O lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe, no canal do Panamá.
Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta. Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar vida, ficará triste como o índio.
Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe… desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes.
Se o rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o peixe… tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana, que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para servir nosso alimento.
Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo das águas de sangue..."
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Por: Monica Martins
Fonte: Revista Envolverde
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