É fato que as empresas geram resíduos, e que de alguma forma se "livram" deles, seja através da venda ao mercado secundário, da destinação a aterros, da reciclagem, do reuso, da remanufatura ou da doação. Estas destinações muitas vezes acontecem informalmente, ou seja, a empresa não registra, não mensura e não controla os gastos ou rendimentos envolvidos nestes processos, alegando que como não fazem parte do foco da empresa os valores envolvidos são irrisórios.
Para vocês terem idéia do que estou falando, gostaria de comentar uma experiência pessoal. Em um projeto de pesquisa que mantive na Universidade que trabalhava, eu e meus alunos que estagiavam no projeto, pesquisamos sobre a formalização da logística reversa, de controles ambientais financeiros e aspectos envolvendo a gestão de resíduos em várias empresas. Dentre estas empresas, chamou minha atenção o fato de uma empresa de transportes rodoviários de encomendas e passageiros de grande porte e outra de comércio de embalagens de agrotóxicos de médio porte, instruir aos funcionários que, se conseguissem algum valor nos resíduos (que eram considerados simplesmente lixo), este valor seria revertido para confraternizações dos funcionários.
Além disso, descobrimos que elas não tinham controles acurados dos volumes gerados, dos tipos de resíduos, da destinação e muito menos dos valores envolvidos, ou seja, total desconhecimento da situação. Diante disto, para descobrir todas estas informações tivemos que vasculhar as empresa, falar com envolvidos em todos os setores para tentar estimá-los e realizar nosso trabalho, agregando dados.
Nada contra esta iniciativa de a empresa reverter para os funcionários a renda dos resíduos, o que mais surpreende é a falta de preocupação com a gestão destes. Devo ressaltar ainda que, as empresas com esta atitude, deixaram de obter valores consideráveis com a destinação dos resíduos, além de perder totalmente o controle de uma atividade que tem impactos diretos no meio ambiente e pode resultar em prejuízos às suas imagens corporativas.
O que quero dizer com isso? Quero dizer que hoje, simplesmente é essencial considerarmos que com a implementação da logística reversa seja formal ou informalmente, existe a movimentação de valores consideráveis, sejam estes decorrentes da venda; do simples desembaraço; da economia de recursos; da reutilização ou até mesmo aqueles mais difíceis de mensurar, como os que a a empresa evita incorrer, deixando de ser multada, autuada e de se obrigar a manter seu estabelecimento fechado, devido a infrações da Lei Ambiental.
Esta total falta de controle e, consequentemente, perda de informação impossibilita aos gestores tomarem decisões acuradas no que tange a questões ambientais para verificar o impacto financeiro e econômico da logística reversa em seus processos.
Existe uma ferramenta perfeita para registrar e mensurar este impacto, é a contabilidade ambiental que pode ser entendida como sendo uma ciência responsável pela gestão empresarial dos recursos financeiros/econômicos das empresas que considera que os recursos naturais são os principais fatores da obtenção de capital.
Este campo de conhecimento já possui toda uma estrutura que pode ser utilizada eficazmente no gerenciamento ambiental das empresas, fornecendo informações úteis, confiáveis, em tempo real e de forma organizada aos gestores, que desta forma podem tomar decisões coerentes, que beneficiem a empresa e a sociedade.
Por: Patrícia Guarnieri
"A logística reversa é processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de pós-consumo e pós-venda e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado. Desta forma, contribuindo para a consolidação do conceito de sustentabilidade no ambiente empresarial, apoiada nos conceitos de desenvolvimento ambiental, social e econômico. " (Patricia Guarnieri)
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