"A logística reversa é processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de pós-consumo e pós-venda e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado. Desta forma, contribuindo para a consolidação do conceito de sustentabilidade no ambiente empresarial, apoiada nos conceitos de desenvolvimento ambiental, social e econômico. " (Patricia Guarnieri)



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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Greenwashing no busão

No começo desta semana, a caminho para a redação do Mercado Ético - trajeto feito em coletivo as vezes lotado, as vezes muito lotado -, eis que me deparo com o Jornal do Ônibus anunciando a Ecofrota. O Jornal do Ônibus é um informativo editado pela SPTrans, empresa que gere o sistema de transporte público de São Paulo, e divulgado na forma de um cartaz dentro de todos os ônibus da capital  paulista.
http://www.sptrans.com.br/img/campanha/jornal/grande/jo_837.jpg
Seria a solução para acabar com as emissões de carbono dos “busões” paulistanos? O anúncio dá a entender que sim. Mas a verdade está um pouco longe disso.
Pois bem. Essa Ecofrota (http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/ecofrota-de-sao-paulo-tem-12-mil-onibus-em-circulacao/) diz respeito aos 1,2 mil ônibus movidos com o tal do B20, um combustível que tem em sua mistura 20% de biodiesel e 80% de diesel convencional. Segundo a SPTrans, o B20 deve reduzir em 22% a emissão de poluentes provenientes dos ônibus da cidade (mas esse dado não consta no informativo).
Até aí, tudo bem. O problema é que o Jornal do Ônibus chama o B20 de combustível limpo (aliás, muita gente erroneamente chama). O texto diz o seguinte: “Todos os veículos da frota do transporte público que utilizam tecnologias e combustíveis limpos serão identificados com a marca ecofrotas”. Então, a primeira ecofrota da cidade de São Paulo não merece o selo que carrega.
O B20 pode ser sim uma alternativa ao diesel de péssima qualidade utilizado no Brasil. Mas isso não lhe dá o status de limpo. No máximo, menos sujo, já que continuam sendo emitidos 78% da poluição gerada com o uso do combustível fóssil tradicional. Nem mesmo o biodiesel puro, o B100, poderia, na minha opinião, ser considerado limpo, já que sua queima também geraria emissões (mas essa é uma discussão polêmica, longa, que não cabe agora).
Aliás, é bom ressaltar que o diesel vendido no país é tão ruim, mas tão ruim, que apenas melhorar a sua qualidade já diminuiria bastante a emissão de poluentes como o enxofre. Só para se ter uma leve ideia do problema, o teor máximo de enxofre no diesel permitido no Japão é de 10 partes por milhão (ppm), nos EUA, 15, e na Europa, 50. No Brasil, pasmem, o combustível pode ter até 2 mil ppm do maldito elemento. Recomendo a leitura do estudo “A qualidade do diesel no Brasil” (http://www.cntdespoluir.org.br/Downloads/A%20qualidade%20do%20Diesel%20no%20Brasil_TAC_Res403CONAMA.pdf).
Acredito sim que o B20 pode ajudar a melhorar o ar da cidade. Mas é bom não confundir alhos com bugalhos. Energia limpa não libera (ou libera pouco) CO2 na atmosfera. Definitivamente não é o caso!

Por:  Henrique Andrade Camardo, do Mercado Ético
Fonte: Envolverde/Mercado Ético

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